TEXTO E FOTOS: HUMBERTO SILVA
A Freguesia de Amora é a quarta maior do país com quase 50.000 habitantes, Muitos estiveram na Guerra Colonial. Foi com essa preocupação que a APOIAR, com o apoio da Junta de Freguesia de Amora, organizou um colóquio no auditório da autarquia, onde esclareceu os presentes acerca da doença do stress de guerra e das dificuldades dos ex-combatentes em obterem os seus direitos. João Sobral, Isabel Estrela e Carla Pinto falaram sobre a doença e sobre os processos de qualificação DFA à população de uma zona do país com muitos ex-combatente
Foram essencialmente ex-combatentes que acorreram à sessão de esclarecimento acerca da doença do stress de guerra que a Associação APOIAR realizou na tarde de 30 de maio no auditório da Junta de Freguesia de Amora.
Esta freguesia da Margem Sul tem como população muitos ex-combatentes que, após regressarem da guerra às sua terras, procuraram no pós 25 de Abril, uma vida melhor perto da Capital.
Milhares de famílias que migraram do Alentejo, das Beiras, do Algarve, de Trás-os-Montes e de outros pontos do interior do país e vieram aumentar a demografia das zonas a sul do Tejo. Muitas dessas famílias eram famílias de ex-combatentes.
Foi neste sentido que a APOIAR propôs ao executivo da Freguesia de Amora a realização de uma sessão de esclarecimento acerca da doença do stress de guerra que afeta precisamente muitos destes ex-combatentes e suas famílias.
Foi com toda a disponibilidade que o presidente da Junta de Freguesia de Amora, Manuel Ferreira Araújo, e o tesoureiro, Horácio Pinto Cardoso, disponibilizaram o auditório para esta sessão.
Carla Pinto, psicóloga clínica da APOIAR, abriu a sessão como uma apresentação acerca da doença e como ela se manifesta e afeta os ex-combatentes que estiveram expostos ao combate na guerra. Abordou também como as famílias destes homens são igualmente afetadas.
O Presidente da Direção da APOIAR, João Sobral, lembrou que para além do apoio clínico que a APOIAR disponibiliza através de protocolos com o Estado, estes ex-combatentes também têm direito a serem ressarcidos pelos prejuízos que essa doença lhes acusou, familiar e profissionalmente, através de um processo burocrático que já está a fazer mais mal do que bem. Este processo foi descrito ao pormenor na apresentação da jurista da APOIAR, Isabel Estrela.
Muitos dos presentes desconheciam o trabalho da APOIAR e ficaram admirados ao saber que muitos ex-combatentes podem levar até 14 anos num labirinto infindável para que lhes seja reconhecida oficialmente a doença e que devem receber.
Muitos ex-combatentes que iniciaram o processo há muitos anos e devido à burocracia o interromperam foram a aconselhados a recomeçar à mesma, pois parado é que o processo não avançará de certeza.
O executivo da Junta de Freguesia de Amora esperou que passe a existir uma maior colaboração entre a autarquia e a Associação e promete colaborar ao máximo na divulgação e encaminhamento da população que identifique com estes problemas, dando seguimento a um projeto de saúde mental próprio que está a desenvolver naquela cidade.