Estudo reconhece a existência de stress pós-traumático há mais de 3000 anos

Por: Humberto Silva

STRESS DE GUERRA NA MESOPOTÂMIA – Um estudo da Universidade Queen Mary de Londres, intitulado “Nada de Novo Debaixo do Sol: Perturbações Pós Stress Traumático no Mundo Antigo” alega que já os antigos guerreiros da Mesopotâmia (actual Iraque) sofriam de stress de guerra.

Os meios de comunicação social ingleses noticiaram recentemente que o estudo dos investigadores Dr. Walid Abdul-Hamid e Prof. Jamie Hugues (Director do Instituto dos Veteranos e Famílias), veio reconhecer a existência de sintomas de stress pós traumático na literatura e registos históricos muito antes do que era habitualmente reconhecido.

O primeiro caso reconhecido de trauma psicológico em combate era o do lanceiro ateniense Epizelo, após as Guerras de Maratona.

O primeiro relato dos sintomas de afectação psicológica em soldados era unanimemente considerado ter sido feito através do seminal texto de Heródoto sobre os conflitos greco-persas, onde relatava o caso de Epizelo, um lanceiro ateniense que combateu nas Guerras de Maratona e que ficou mudo logo após ter regressado desse conflito .

Este relato, datado de 490 AC, era considerado o primeiro registo escrito da sintomatologia de trauma de combate.

No entanto, este estudo, publicado em meados de 2014, veio fazer recuar mais de 3000 anos os primeiros relatos desta condição.

O levantamento de textos antigos por parte dos investigadores consegue descobrir em alguns excertos o relato de realidades que se podem classificar como sintomatologia de trauma de combate em antigos guerreiros da Mesopotâmia, durante a dinastia Assíria, entre 1300 e 609 AC.

Alguns dos relatos davam conta de como a mente do Rei Elam tinha mudado e textos médicos assírios relatavam sintomas de soldados da seguinte forma:

“14,36 – (…) se as suas palavras são ininteligíveis e a depressão continua a cair sobre ele em intervalos regulares (e ele tem estado doente) há três dias [F …]”

Este tipo de relatos são coincidentes com o trauma verificado normalmente por soldados que estiveram expostos ao combate. O estudo afirma que é natural que o risco de morte eminente e o testemunho da morte dos companheiros dos soldados assírios parecem ter sido uma fonte importante de trauma psicológico, principalmente numa altura em que simples ferimentos, hoje em dia facilmente tratáveis, redundavam quase sempre na morte do soldado.

Os investigadores reafirmam a importância destes achados pois são uma prova que os traumas de guerra e outras patologias psicológicas associadas sempre fizeram parte da natureza humana.

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